Com coreografia inédita, Balé da Cidade de São Paulo apresenta Réquiem SP

Utilizando de uma rigorosa obra de Ligeti, a coreografia investiga de maneira provocativa as possibilidades de articulação entre corpos, contextos e manifestações culturais.

ESPETÁCULOS

2/12/20253 min read

Coreografia ensaio Réquiem SP. Foto Larissa Paz

Com coreografia inédita, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta a primeira temporada do ano, o Réquiem SP, destacando as dinâmicas e a singularidade da maior metrópole do país, na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal de São Paulo. Com criação, direção e coreografia de Alejandro Ahmed, que também atua como Diretor Artístico do Balé da Cidade, a obra terá a participação do Coral Paulistano e Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência e direção musical de Maíra Ferreira. As apresentações acontecem nos dias 14, 15, 18, 19, 21 e 22 de março e os ingressos variam de R$10 a R$92.

O Réquiem, de György Ligeti, foi composto entre 1963 e 1965. A obra é uma composição para Coral e Orquestra, e traz em sua forma todas as características musicais do compositor hungaro sem deixar de lado a tradição musical de um Réquiem. Teve sua estreia em 14 de março em Estocolmo e se tornou uma das mais conhecidas de Ligeti, usada na trilha sonora de clássicos do cinema como 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick.

“O Requiém SP explora além da partitura de György Ligeti, se estende para três movimentos musicais: um é um interlúdio de autogestão coreográfica e de som, outro é o Réquiem de quatro movimentos e o final que tem outras duas faixas do produtor canadense Venetian Snares. Um breakcore, ou seja, batidas rápidas e espaçadas, muito diferente da relação do que é o Requiém do Ligeti, mas, ao mesmo tempo, com complexidades de composição que se correlacionam”, explica Alejandro Ahmed, diretor do espetáculo.

Nova coreografia do Balé da Cidade de São Paulo

A coreografia Réquiem SP apresenta um desafio e um exercício que estabelece um diálogo entre distintas linhagens de dança, como o balé, o jumpstyle e as danças urbanas e populares. A proposta investiga de maneira provocativa as possibilidades de articulação entre corpos, contextos e manifestações culturais, destacando as dinâmicas e a singularidade de uma cidade como São Paulo. Nesse cenário, o movimento do elenco vai além da técnica, atuando como matéria para explorar e compreender as interações do corpo com o ambiente.

Responsável pela criação, direção e coreografia, Alejandro Ahmed atua como diretor artístico do Balé da Cidade de São Paulo desde julho de 2024. Reconhecido como um dos coreógrafos mais destacados da dança contemporânea no Brasil, Ahmed desenvolve uma abordagem artística que investiga as correlações entre corpos, ambientes e tecnologias, investigando os limites dos corpos e as suas possibilidades de transformação.

Com pouco menos de meia hora, a obra é dividida em quatro movimentos: I. Introitus, II. Kyrie, III. Dies Irae e VI. Lacrimosa. Segundo Maíra Ferreira, regente titular e responsável pela direção musical, é necessário um alto nível de sofisticação para executar o concerto. “Ligeti explora muito os extremos, então vai da nota aguda para a nota grave muito rapidamente. Tecnicamente, o cantor precisa ter um ótimo preparo para explorar o trato e a extensão vocal. Às vezes temos alguns pontos de descanso em uma obra. Essa não tem”, pontua. “Das obras que trabalhei, em quase dez anos no Theatro Municipal, nunca cantamos algo tão desafiador”, finaliza Alejandro Ahmed.