Comédia ‘Músicas que fiz em seu nome’ estreia no Teatro Copacabana Palace

O musical despudorado brinca com todos os anseios e dúvidas do ser humano.

ESPETÁCULOS

3/12/20254 min read

Fotos: Caio Gallucci

A comédia “Músicas que fiz em seu nome”, estreia no Teatro Copacabana Palace e traz para o palco todos os anseios e dúvidas dos seres humanos com indagações sobre as possibilidades de apagar o passado, remover cicatrizes ou nossos defeitos para recomeçar uma vida livre de sofrimento e alcançar a utópica perfeição. Neste contexto, Leide Milene, interpretada por Laila Garin, acredita que sim. Prestes a casar, a personagem decide se submeter ao Miracle Former, um procedimento revolucionário que promete apagar lembranças dolorosas antes de seu casamento. Ela acredita que se tornaria uma nova mulher, livre das angústias pregressas. Reescrever a história não seria transformá-la em uma farsa? Até que ponto nossas experiências e cicatrizes nos definem? O musical que estreou no dia 11, terá mais 7 sessões: 12, 19, 21, 25 e 27 de março e mais duas apresentações dia 01 e 02 de abril. Com direção de Gustavo Barchilon, o texto tem autoria de Laila Garin em parceria com Tauã Delmiro, direção musical de Tony Lucchesi, com consultoria de conteúdo e colaboração de roteiro da poeta, psicanalista e filósofa Viviane Mosé.

‘Músicas que fiz em seu nome’ foi criado a partir de uma fala de Viviane Mosé: “Na tentativa de não sofrer, terminamos optando por não sentir. Plastificamos nossa pele. Embalsamamos nossos afetos. (…) Sentir muito e cada vez mais, aprender a lidar com os excessos, os desequilíbrios e as contradições é a condição para um ser mais amplo e para uma vida mais ética e sustentável”. - relatou a filósofa

Mais do que um espetáculo, ‘Músicas que fiz em seu nome’ é um convite à reflexão sobre os limites entre o bem e o mal, a dor e a alegria, a liberdade e o controle social. Em uma sociedade que busca anestesiar o sofrimento, acabamos também por silenciar nossas emoções mais genuínas. Na tentativa de não sentir a dor, nos tornamos cada vez mais distantes de nós mesmos – plásticos, embalados, autômatos. Tendo esse ponto de partida, os autores construíram uma comédia despudorada, brincando com todos esses anseios e dúvidas do ser humano. A peça combina uma narrativa envolvente com músicas já conhecidas pelo público, conduzindo os espectadores por um intenso turbilhão de emoções. O espetáculo convida o público a uma imersão profunda nas memórias, na identidade e nos desafios impostos pelas expectativas sociais.

“Nossas lembranças formam a base da nossa personalidade, influenciam nossas escolhas e determinam como nos relacionamos com o mundo. A memória nos conecta ao passado, permitindo que aprendamos com os erros, celebremos conquistas e criemos narrativas sobre nossa própria história”, afirma Barchilon. Laila acrescenta: “Somos nossas memórias, para o bem e para o mal. Acho que nossa identidade está diretamente ligada a elas. Digo para o bem e para o mal porque lutamos para estarmos no presente e não termos reações automáticas, frutos de hábitos e aprendizados da primeira infância. Ao mesmo tempo, como diz Sotigui - griot que trabalhava com Peter Brook-, “para saber para onde ir a gente deve olhar para de onde viemos”.

O repertório do espetáculo passeia por grandes canções brasileiras, que ajudam a costurar a história de Leide Milene. Tauã Delmiro explica que “o roteiro é bastante eclético e inspirado pela rica diversidade da música brasileira, tornando-se um catálogo de emoções, refletindo a herança poética das canções do Brasil”. São 18 canções que abrangem gêneros como baladas, boleros, sertanejo, bossa nova, entre outros.

Laila também selecionou músicas que ama cantar e geram identificação imediata. A atriz almeja repetir uma comunhão com o público que experimentou no primeiro espetáculo que fez quando chegou ao Rio, ‘Eu te amo mesmo assim’, de Jo Abdu, João Falcão e João Sanches.

Além de ser a protagonista, Laila faz sua estreia como autora. Ela e Tauã estiveram juntos no musical ‘Alguma Coisa Podre’, com direção de Gustavo Barchilon, que deu a ideia da parceria para a gestação desse espetáculo. “Gustavo tem um ótimo feeling de juntar pessoas para criar e o Tauã, além de diretor e roteirista, é um super ator de comédia. Preciso muito deles para entrar na linguagem cômica”, explica Laila, que já fez roteiros de seus shows com o trio ‘A Roda’ e sempre participou ativamente da concepção e escolha de equipe criativa nos trabalhos que realizou com a Sarau Produções, como ‘A hora da estrela’ e ‘Gota D´água a Seco’.

Tony Lucchesi assina a direção musical. “Nós já havíamos trabalhado com o Tony, mas sempre em apresentações pontuais, pela primeira vez estamos tendo um tempo para criarmos juntos, experimentarmos. E estou muito feliz em conhecê-lo mais de perto. Ele é muito sagaz, muito criativo”, elogia Laila.