Diva Diabólica: Macbeth de Verdi estreia no Municipal de São Paulo
O papel de Lady Macbeth, considerado um dos mais exigentes do repertório, ganha vida com Marigona Qerkezi e Olga Maslova na nova montagem de Elisa Ohtake
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10/7/20252 min read


Foto: divulgação
O Theatro Municipal de São Paulo resgata a intensidade dramática da ópera Macbeth, de Giuseppe Verdi, em uma nova e aguardada montagem que promete mergulhar nas profundezas da tragédia shakespeariana. A ópera chegou a desaparecer dos palcos por quase um século, em parte devido às exigências extremas do papel de Lady Macbeth para as sopranos, reforçando o peso e o desafio da música composta por Verdi.
Com libreto de 1847 de Francesco Maria Piave tem nesta versão direção cênica e cenografia de Elisa Ohtake, que propõe uma visão atemporal marcada por excesso, simbologia visual e referências à nossa anestesia diante da violência. A montagem será regida pelo maestro Roberto Minczuk, que conduzirá a Orquestra Sinfônica e o Coro Lírico do Municipal. A obra, baseada na peça homônima de William Shakespeare, revela uma ótica contemporânea, explorando a ganância desmedida e o colapso moral dos protagonistas, que tem o figurino assinado por Gustavo Silvestre e Sônia Gomes.
As apresentações acontecem na Sala de Espetáculos do Theatro Municipal nos dias 31 de outubro, 01, 08 e 09 de novembro, às 17h e 04, 05 e 07 às 20h. Os ingressos variam entre R$10 e R$210.
A Narrativa Sombria e o Desafio Vocal
Ambientada na Escócia medieval, a ópera narra a ascensão e queda Macbeth, um valente e leal guerreiro, que, ao ouvir as profecias das bruxas, se vê seduzido pela ideia de conquistar o trono. Impulsionado pela ambição desmedida e pela manipulação de sua esposa, Lady Macbeth, ele assassina o rei Duncan e assume o poder. Contudo, a culpa e o medo do que virá em seguida corroem a mente de ambos, desencadeando um ciclo de violência, paranoia e tragédia.
Macbeth é reconhecida como uma obra que mergulha na fragilidade da moralidade humana. Verdi compôs passagens de grande intensidade dramática, com potentes árias e coros que acompanham a descida dos protagonistas ao abismo."Quis trazer um pouco da minha liberdade de direção em teatro contemporâneo para a ópera. Crio o cenário e a direção cênica juntos, difícil para mim pensar os dois separados, portanto, em ambos optei por fazer desdobramentos da qualidade desmedida, da hybris, presente no texto de Shakespeare e em Verdi", afirma a diretora. Com a rapidez das telas, vivemos uma sobreposição de guerras como nunca na história e seguimos anestesiados. Em um contexto de ópera, porém, com códigos muito mais definidos que o teatro contemporâneo, qualquer pequena extravagância tende a ser mais notada e estranhamentos potentes podem ser um pouco maiores, inclusive aqueles acerca da ultraviolência e de nosso torpor atual”, ressalta.