Marietta Baderna dos palcos aos dicionários

Docudrama resgata a história de Maria Baderna, bailarina italiana que movimentou a sociedade carioca no séc. XIX.

ESTREIAS

2/18/20252 min read

Fotos: Divulgação

Imagina ganhar um espaço no dicionário, apenas por ser transgressora. Assim, Maria Baderna, ou Marietta Bardena, a bailarina italiana que movimentou a sociedade carioca no século XIX com sua dança divina e suas escolhas liberais, à sua revelia, teve o nome atribuído à bagunça, desordem e confusão, virando verbete em um famoso dicionário brasileiro, ela será enredo da União da Ilha em 2025 e acaba de virar um Docudrama sobre a história dela no Brasil.

O filme abre a narrativa em meio a uma Itália dividida e dominada pela Áustria. Marietta Baderna, filha de um militante pela unificação italiana, era uma promessa de jovem estrela no Scala de Milão (Teatro Alla Scala). A situação política se agrava no início de 1848, na Lombardia (“Le Cinque Giornata di Milano”). Baderna e seu pai buscam refúgio no Brasil através de um contrato que a tornava uma artista dos teatros da corte no Brasil.

A chegada da jovem era aguardada com muito entusiasmo por uma sociedade conservadora. Desde sua estreia, no Rio de Janeiro, a protagonista desse enredo real agrada e provoca repercussão na imprensa brasileira da época. O documentário salienta como a já famosa Marietta Baderna, com o passar do tempo, demonstrou-se “liberal demais” para um Brasil ainda escravocrata de D. Pedro II. O Lundu, música de raízes africanas, dançado por Baderna no Teatro Santa Isabel, no Recife em 1851, é contextualizado no documentário mostrando o deleite e o “ruído” que esse fato causou.

Os bailarinos Luciana Domingues e Wallace Guimarães interpretam o casal Marietta Baderna e o maestro Giannini. O maestro, na vida real, foi um dos responsáveis pelo contrato de Baderna no Brasil. E ao que tudo indica parceiro da vida. Com trilha original composta por Iuri Cunha e composições especialmente executadas para o filme de obras conhecidas de domínio público. Entre os músicos convidados, o pianista Eduardo Neves gravou pequenos fragmentos de trechos de ballet, agregando o seu expertise cotidiano de tocar em aulas de escolas como a de Dalal Achcar, no Rio de janeiro.

Para ambientação foram escolhidas locações que são verdadeiras joias arquitetônicas do século XIX, como o Solar do Jambeiro e o Theatro Municipal de Niterói, misturados com imagens do centro histórico de Milão, na Itália, feitas pela própria diretora. A história tem a narração de atores talentosos da nova geração. A carioca Amanda Spanner na voz de “Marietta” e o paraense Guto Galvão na voz de um jornalista fictício que idolatra a diva Marietta. Amanda brilhou na série “Pedaço de Mim” da Netflix como Bia e Guto como “Aníbal” na novela “Amor Perfeito”, na TV Globo.

“Marietta Baderna dos Palcos aos Dicionários” é uma viagem cultural por um Rio Imperial, que traz temas atuais e reacende a passagem de uma artista que fez vibrar a cena da época.