O chamado musical do violinista Anderson Azevedo
Com o propósito de viver da música, o violinista transpõe dificuldades ensinando crianças da rede pública de Nilópolis. Nos dias 11 e 12 de outubro, ele estará no 1º Festival Nacional Suzuki no Rio de Janeiro.
ENTREVISTAS
9/25/20253 min read


Fotos: Divulgação
Da paixão juvenil pelo teclado, a iniciação na música pelo trombone ao domínio da técnica do violino Anderson Azevedo é a prova que a arte captura aqueles que são escolhidos para propagar o som da alma. Natural de Nilópolis, berço da Beija-flor, o violinista, sem qualquer tradição artística na família, conquistou a licenciatura e bacharelado em música pela UFRJ com persistência e o sonho de viver da música. Do alto dos seus 1,98 de altura, esse apaixonado pela música clássica transpõem as dificuldades do dia-a-dia lecionando às crianças da rede pública de ensino a iniciação musical. Um ofício que ele encara como missão de transformar vidas. Anderson que tem uma fé inabalável criou um bordão que lhe é habitual: Deus no comando!
A música como linguagem transcende as palavras e toca diretamente nosso estado interno mais profundo. Essa seria a única explicação para uma pessoa que não foi ensinado ou seu habitat não proporcionar contato com a música erudita desenvolver essa paixão. É bem verdade que as igrejas ao longo dos séculos são responsáveis pela inserção de crianças e jovens na música. No Brasil, está lógica não é alheia, pois, é por meio das igrejas que centenas de jovens começam a desbravar os instrumentos e, assim, seguem carreira. Para Anderson, que iniciou a prática de instrumento na igreja, onde toca como convidado até hoje, foi neste ambiente que ele sonhou ser um músico profissional pela primeira vez.
“O meu sonho sempre foi tocar teclado por conta da igreja, porém, esse sonho se perdeu no meu caminho. Teve um tempo que queria ser músico militar e queria tocar trompete. Eu tinha visto a Alcione tocar trompete e fiquei apaixonado. Na escola de música em Nilópolis, o saudoso professor Jorge Leite da UFF me disse: posso até lhe dar aula, mas você não vai avançar muito.” revelou o hoje virtuoso violinista.


Para Anderson, os professores que passaram em sua vida musical tiveram suma importância, ao ponto de serem eles os seus ídolos musicais. Do valioso conselho do trombonista Jorge Leite, que lhe aconselhou a mudar de instrumento às aulas de teoria musical como a professora Priscila Araújo, que é violinista da UFF e o introduziu no instrumento que viria a ser de fato a real vocação dele.
“Eu entrei na Banda do município, peguei um instrumento emprestado e nesse período meu pai comprou um para mim. Nessa ocasião comecei a estudar teoria musical Priscila Araújo violinista da UFF. Certa vez, após uma aula ouvi ela tocar e fiquei interessado. Daí ela disse: vamos fazer um teste se você for bem lhe dou aula. Lembro como se fosse hoje, ao relatar isso as imagens vem aquele dia na minha memória. Passou- se anos e ainda lembro! Fiz então o teste e passei. Ela disse, você leva jeito para tocar. Comecei a fazer as aulas no intervalo sem compromisso, pois não podia fazer dois instrumentos ,porém o negócio foi apertando aí em dados momento tive que deixar o trombone e o violino tornou-se meu instrumento oficial.” - relembrou emocionado.
Ser um bom violinista exige uma combinação de precisão técnica, profunda sensibilidade artística, rigorosa disciplina física e mental. O violino é frequentemente considerado um dos instrumentos mais difíceis de dominar com características que refletem essa complexidade. Para Anderson esse desafio transformou-se em muito estudo na busca por uma expressão artística precisa, o que o fez a também lecionar para aqueles que desejam ingressar neste desafiador instrumento.
“ Eu vejo a música como uma ferramenta de mudança social. Para os meus alunos da rede pública sempre mostro a importância de aproveitar essa oportunidade independente se eles irão seguir nessa carreira. A música para mim representa minha fala para a sociedade de que eu posso sim viver da música. Assim como um arquiteto, advogado vive da profissão dele. Por que eu não posso viver do meu ofício? Música é a minha vida. Agradeço sempre a Deus por essa oportunidade, pois se faço e vivo dela é por causa Dele. Deus é top. Obrigado senhor por essa oportunidade deixo registrado aqui.” - finalizou o violinista Anderson Azevedo.