Ópera inédita de Paulo Coelho, Gilberto Gil e Aldo Brizzi tem estreia mundial durante a COP30, em Belém
Baseada no poema I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias, a obra inédita integra o XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz.
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11/4/20253 min read


Fotos: Divulgação
A ópera I-Juca Pirama, que conta com libreto de Paulo Coelho e composição musical de Gilberto Gil e Aldo Brizzi, terá sua estreia mundial nos dias 10, 11 e 12 de novembro no Theatro da Paz, em Belém do Pará. O espetáculo encerra o XXIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, coincidindo com o período em que a capital paraense sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
Com 75 minutos de duração, a produção eco-poética é inspirada no clássico poema de Gonçalves Dias, trazendo uma narrativa filosófica sobre o universo indígena da Amazônia, abordando temas como ancestralidade, ecologia, coexistência e espiritualidade. O formato do espetáculo tem caráter inovador, cantada em português, a ópera articula música, canto, dança, projeções audiovisuais e rituais de matriz indígena.
Os figurinos assinados pelo xamã e artista plástico Tukano Bu’ú Kennedy são eco-sustentáveis, confeccionados por artesãos e coletivos indígenas da Amazônia, utilizando fibras e pigmentos naturais. O espetáculo inicia com um prólogo em vídeo-projeção, gravado na Amazônia, com Gilberto Gil no papel de Croá, o trovador dos povos originários, cantando uma música inédita sobre as queimadas e Paulo Coelho, representando Gonçalves Dias, se transformando em Espírito da Terra.
“A obra vai revolucionar a ópera brasileira, com um trabalho magnífico de Aldo Brizzi e Gilberto Gil”, emociona-se Paulo Coelho.
A renda da estreia será totalmente revertida em apoio ao povo indígena da Vila Dom Bosco, no Alto Rio Tiquié, distrito de Pari Cachoeira, região do Alto Rio Negro. A iniciativa busca valorizar a educação intercultural e preservar o legado das línguas e saberes ancestrais.


O Passado Ancestral
Após ter suas terras devastadas pelos colonos portugueses, o jovem guerreiro I-Juca Pirama, último de sua tribo, parte em busca de novos territórios e de um sentido para sua existência.
Capturado pelos Timbiras, é condenado ao sacrifício, mas sua coragem e dignidade transformam seus algozes.
Entre o dever do guerreiro e o chamado da vida, I-Juca enfrenta o conflito entre honra e sobrevivência.
Na ópera, a história se desenrola entre duas épocas — a antiga, contada por Gonçalves Dias, e a moderna, em que novas queimadas e devastações fazem o I-Juca contemporâneo reviver a busca por significado e pertencimento.
Sua jornada reflete o destino de um povo em exílio na sua própria terra e o grito da floresta ferida.
Em uma dimensão paralela, o Espírito da Terra tudo vê, prevê, narra e abraça. Entre os dois tempos da história, ela é a guardiã da memória e da transformação.
Jaci, jovem Timbira frágil e encantada por I-Juca no tempo ancestral, renasce na era moderna como sua própria descendente, jornalista que entrevista o “I-Juca” contemporâneo nas terras devastadas pelas queimadas.
Mas um antídoto poderoso resiste ao avanço da destruição: a força dos sonhos e a técnica ancestral de torná-los realidade. Assim, o mito renasce no presente, lembrando que a terra, mesmo ferida, continua a sonhar através de seus filhos.
I-JUCA PIRAMA – Aquele que deve morrer
Estreia mundial
Ópera inspirada na obra poética de Gonçalves Dias, em língua portuguesa, dividida em dois atos
Libreto de Paulo Coelho, composição musical de Gilberto Gil e Aldo Brizzi
Data: 10, 11 e 12 de novembro
Horário: 20h
Local: Theatro da Paz
Praça da República | Rua da Paz, s/n, Centro
Belém – PA